Eu levantei discretamente, com um cigarro apagado na mão e o isqueiro na outra. Saí da redação e fui, caminhando lentamente, para o meu cantinho-fumódromo. Lá posso me distanciar um pouco dos problemas e respirar, sem ninguém ao meu lado. É lá que tenho minhas melhores idéias, também.
O tal fumódromo é bem improvisado: um corredor-lavanderia, que os fumantes da editora tomaram posse. Vez ou outra um intruso aparece por lá, perturbando os momentos íntimos entre o cigarro e eu. Talvez eu seja muito chata para socializar nesses minutos que tenho só para mim, mas são os meus minutos. Aquele espaço de tempo, entre as horas que fico no trabalho, que posso fingir estar em qualquer outro lugar.
Gosto de pegar meu café sem açúcar, na caneca preta com bolinhas brancas, e dar pequenos goles na bebida quente entre um trago e outro. Sento no banquinho de madeira, encosto a cabeça na parede e me perco em pensamentos que vão tão longe que é difícil voltar. Gosto de pensar que ali, naquele estreito corredor, existe um mundo paralelo, onde não tenho que me preocupar com muita coisa.
Acho que todos deveriam ter um cantinho-fumódromo para chamar de seu. Para ir quando a única vontade é mandar todo mundo para aquele lugar. O cantinho é um refúgio, assim como o cigarro é uma desculpa para suspirar sem que ninguém note – como já dizia meu querido Mario Quintana. É uma desculpa nada discreta para se desligar do mundo ao seu redor, sem que ninguém te encha o saco. E tem horas que tudo o que a gente precisa é isso, um tempo sozinha com nossos pensamentos.
Eh acho que eu vou achar esse cantinho pra mim….to precisando dessa privacidade….
hi , esqueci eu não fumo….mas posso achar o cantinho. ótima idéia….
amei…bjos